sábado, 7 de maio de 2011

Toxidade aguda do misoprostol durante o 1º trimestre da gravidez.

Acute misoprostol toxicity during the first trimester of pregnancy

Joana G. Barros , Inês Reis, Luís M. Graça.
Department of Obstetrics, Gynecology and Reproductive Medicine, Hospital Center Lisbon North/Santa Maria Hospital, Lisbon, Portugal
Int J Gynaecol Obstet. 2011 Feb 17. PMID:21333990

RESUMO realizado pela R1 Dra Alice Magalhães Garcia
Nível de evidência C: Relato de caso

Resumo

Uma mulher previamente hígida, de 29 anos (G4, P1), apresenta-se à unidade de emergência do Hospital de Santa Maria, Lisboa, Portugal, após seis semanas de amenorréia, com calafrios, febre, e confusão, depois de ter auto-administrado 8 mg de misoprostol (1 mg por via oral e 7 mg intravaginal) em uma tentativa de induzir o aborto.

Na admissão (3 horas após a administração do misoprostol), ela estava agitada, trêmula, tendo alucinações e taquicárdica, com uma temperatura de 43 ° C. Uma ultra-sonografia transvaginal revelou uma gravidez intra-uterina de 5 semanas. Exames laboratoriais iniciais revelaram rabdomiólise (7690 unidades / L de CPK), insuficiência renal aguda (1,8 mg / dL de creatinina), discreta elevação das enzimas hepáticas (154 unidades / L de AST e 36 unidades / L de ALT); e acidose metabólica compensada.

O tratamento inicial envolveu a remoção do restante dos comprimidos da vagina e administração intravenosa (IV) de cristalóides, paracetamol (1 g IV), diclofenaco (40 mg por via intramuscular), diazepam (10 mg IV), e haloperidol (5 mg IV em 2 doses sequenciais). Devido à agitação contínua, foi necessária administração de midazolam IV e intubação traqueal.

Dezesseis horas após o tratamento, a mulher estava assintomática e afebril, e foi extubada. A insuficiência renal aguda foi resolvida 36 horas após o tratamento, embora os dados laboratoriais revelarem rabdomiólise (96 300 unidades / L de CPK), lactato desidrogenase elevados (4320 unidades / L), elevação das enzimas hepáticas (2353 unidades / L de AST e 1021 unidades / L de ALT) e coagulopatia de consumo  moderado. Quarenta e oito horas após a admissão, apresentou sangramento vaginal leve.

Uma ultra-sonografia transvaginal revelou um aborto completo. A mulher recebeu alta nove dias após a admissão, após estabilização clínica e com dados laboratoriais tendendo para valores normais. Em 16 dias após a primeira admissão ela estava hígida novamente.

Existem dois relatórios anteriores sobre a toxicidade aguda do misoprostol durante o primeiro trimestre da gravidez. Um relato descreveu leves sintomas gastrintestinais após a ingestão de 8,4 mg de misoprostol. O outro, a falência de múltiplos órgãos, necrose gástrica e
esfágica, e a morte da mulher após a ingestão de 12 mg de misoprostol.

O presente relatório descreve uma internação devido a overdose de misoprostol em uma tentativa de aborto sem supervisão médica, apesar do fato de que, em Portugal, o aborto voluntário é legal e oferecido pelo Serviço Nacional de Saúde para as mulheres com até 10 semanas de gravidez.

                 É necessário, portanto, enfatizar a necessidade de monitoramento cuidadoso do aborto voluntário, além de destacar os riscos envolvidos, como parte dos esforços de educação pública.

                  Os clínicos devem estar preparados para lidar com situações semelhantes, especialmente porque eles podem exigir a intervenção precoce e rápida com medidas de apoio, como ilustra o caso em apreço.


QUESTÃO

São sinais de possível intoxicação pelo misoprostol, exceto:
A)    Febre, taquicardia e agitação
B)    Alucinações
C)    Necrose gástrica e esofagiana
D)    Rebaixamento da consciência e coma

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